terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Quem é você?

Chegando em casa, Túlio notou que a porta da sala estava entreaberta. Ele nunca deixou de verificar as portas e as janelas quando saía. Então, entrou bem devagar olhando tudo à sua volta. Na sala e na copa, parecia tudo normal. Continuou andando sempre com muita atenção. Quando chegou na cozinha ficou paralisado ao ver um ladrão. Que por sinal estava roubando, por incrível que pareça, um simples bolo que estava em cima da mesa. Achou um absurdo, pensou ele: como um ladrão, consegue ser capaz de invadir uma casa para roubar um simples bolo? Logo depois caminhando em direção ao ladrão, totalmente pasmo, ao virar em sua direção o ladrão ficou totalmente assustado e começou a gritar. E Túlio bastante impressionado o perguntou:
_ Como assim, meu caro. Você invade a minha casa para assaltar, eu chego e me deparo com um estranho... Quem deveria gritar por socorro sou eu e você tá aí desesperado aos berros? Ah, não, coopera aí!
Logo em seguida o ladrão pergunta:
_ E você não vai gritar nem chamar a polícia como todos fazem?
_ Bom, eu poderia fazer todo esse processo, mas pra evitar a fadiga, espero contar com sua sinceridade em responder todas as perguntas que eu fizer. Tá ok?
_ Tá bom.
_ E aí, você tentou roubar algo mais em qualquer parte da casa?
_ Não.
_ Qual é o seu objetivo, ao entrar em uma casa para roubar um simples bolo? Seria a fome que o domina? Por que não apelou pra coisas materiais, que você poderia comprar vários bolos?
_ Não. Pode parecer loucura, meu senhor, mas eu só entrei aqui por esse motivo, porque não há mais pessoas nesse mundo compreensíveis como você, que sede umas moedas pra um pobre sujo. Só te peço perdão, e compaixão. Poderia me deixar levar esse bolo?
_ Bom, leve, meu caro. Mas aprenda que nada se ganha com desonestidade. Além do mais, eu tenho quase certeza que de muitos eu sou o que faz parte da minoria em questão de compaixão, não queria estar na sua pele se você tivesse entrado na casa vizinha e não aqui.
_ Realmente...
_ Pois é meu caro, aprenda a não cometer erros, porque um dia vai chegar a sua hora. Vamos indo porque logo mais minha esposa chega do serviço com meus filhos e seria um enorme susto para eles.
Saindo, Túlio e o ladrão, em direção à porta, eis que chega Camila, sua esposa, que ao ver o ladrão começa a gritar desesperadamente por socorro.
_ Socorro, socorro, polícia tem um ladrão na minha casa, Túlio me ajude, ele vai me pegar...
Túlio a interrompe pedindo para que se cale. E ela totalmente trêmula e assustada pergunta quem é aquele rapaz. Túlio começa a explicar então tudo o que aconteceu. Bem mais calma, ela começa a entender a história e a ver que realmente o velho mendigo precisa de ajuda. Ela chega a convidar o rapaz para entrar para a casa de novo, mas ele muito acanhado com toda a situação ocorrida decide ir embora agradecendo muito a todos eles, por imensa compaixão e amor. Sendo assim, ele vai embora seguindo seu rumo que na verdade nem existe. Túlio e Camila entram para casa comentando o fato ocorrido e no quanto uma pessoa assim sofre por não ter ninguém.
Passados 3 anos, eis que batem à porta. Camila desce correndo porque estava à espera de umas pizzas que havia comprado. Quando abre a porta se assusta, pois não era o motoboy.
_ Oi, quem é você?
_ Não se lembra de mim, minha senhora?
_ Não, se identifique por favor!
_ Eu sou aquele rapaz sujo, mendigo, imundo de três anos atrás.
_ Ora, sério que é você?
_ Sim, seríssimo!
_ Vamos, entre.
_ Com licença.
Camila chama Túlio, que logo em seguida desce e pergunta quem é aquele homem sentado em sua sala.
_ Ora meu amigo, não se lembra de mim?
_ Não.
_ Sou eu, o maltrapilho de 3 anos atrás, aquele que invadiu sua casa à procura de comida.
_ Ora, jura que é você? Está irreconhecível, mas que bela roupa e sapatos, que cabelo totalmente penteado, estou feliz em te ver, como andam as coisas?
_ Bom, desde aquele dia minha vida mudou completamente pra melhor! Decidi que ao invés de roubar deveria trabalhar, e que é melhor ser humilhado por falta de emprego do que apanhar de polícia. Enfim, hoje eu trabalho e tenho conquistado tudo que eu sempre sonhei.
_ Bom meu amigo, fico muito feliz em saber disso, realmente nunca esperaria por você aqui novamente, quanto mais assim.
_ Pois é, meu objetivo em vir até aqui é lhes agradecer por aquelas palavras de correção e amor há 3 anos atrás, por me mostrarem que nada na vida é fácil, mas só se tem o que quer através do seu esforço, e que humilhação todos passam mas ainda existem os bons de coração. Muito obrigado por fazerem me tornar quem eu sou hoje.

Joyce - 45

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