terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Uma casa abandonada

Gustavo e Marlon estavam brincando na rua de baixo da casa deles, quando avistaram uma casa abandonada, com uma parte do muro derrubada. Essa casa era muito grande e com uma arquitetura bem antiga. Curiosos, entraram no lote para verem mais de perto. Marlon foi na frente e tropeçou em alguns vidros quebrados no chão. Com o barulho dos vidros saíram de dentro da casa alguns morcegos voando de uma árvore que tinha na frente da casa, os dois se assustaram e Gustavo titubeou:
_ Espera Marlon, vamos voltar, essa casa é muito estranha!
Marlon na mesma hora acenou para Gustavo e falando baixinho disse:
_ Calma, fala baixo, vamos entrar por traz, la deve ter alguma entrada mais fácil.
Gustavo ficou sem reação e calado seguiu Marlon que foi andando bem devagar para os fundos da casa. A casa era enorme, de dois andares, eles foram para os fundos por um corredor lateral da casa, chegando nos fundos eles viram que não tinha muita coisa, era uma varanda com um fogão a lenha e um tanque de lavar roupas bem antigo. Marlon não parecia estar com medo e queria entrar para dentro da casa, mas Gustavo já estava mais tenso, não queria entrar com medo de ter alguém la dentro. Marlon disse:
_ Não deve ter nada de mais, vamos entrar? A gente só vai ver como é la dentro e vamos embora, é rapidinho.
_ Ah! Não sei se devemos entrar, e se morar alguém aí? A gente não sabe nada sobre essa casa, não sabemos de ninguém que vivia aqui, nem a quanto tempo essa casa está desse jeito, abandonada, acho melhor a gente voltar. _ Disse Gustavo.
_ Não acho que tenha perigo aí dentro, é só uma casa, larga de ser medroso e vamos entrar. _ Disse Marlon se dirigindo à porta da casa.
A porta estava aberta, então Marlon entrou, Gustavo foi atrás mesmo estando com medo de entrar. Quando entraram na casa viram que por dentro a casa era linda, os moveis eram bem antigos mas eram de luxo e estava todos em ótimo estado de conservação, o chão era de piso branco com fotos espalhadas pelas paredes e alguns quadros de pintura. Gustavo ficou impressionado com a casa, não imaginava encontrar uma casa cheia de luxo e tão limpa. Eles vasculharam a casa toda, no segundo andar tinha uma sala enorme, um banheiro, uma varada que dava pra ver a rua, e três quartos, sendo que somente um estava aberto, Gustavo chamou Marlon pra ver a vista da rua, depois tentaram abrir as portas dos quartos que estavam trancados, eles não conseguiram abrir as portas de nenhum dos dois quartos, então começaram a mexer nas coisas que tinha no quarto que estava aberto, não tinha nada de mais alem de uma cama, um guarda roupas e uma mesinha de estudos com livros antigos espalhados. Gustavo parou, olhou para o chão e viu sangue e imediatamente puxou Marlon dizendo:
_ Marlon, tem marcas de sangue no chão!
Marlon olhou e viu que era seu pé que estava sangrando.
_ Calma, é meu pé que esta sangrando, acho que cortei quando chutei os vidros la fora. _ Disse Marlon.
_ É mesmo, as marcas são dos seus pés. Acho melhor a gente ir embora, você tem que lavar seu pé, e nossos pais devem esta cassando a gente. _ Disse Gustavo.
_ Mas nos vamos sair daqui sem abrir a porta desses quartos? Quero ver o que tem la dentro. _ Afirmou Marlon
_ Não, eu vou embora. É melhor a gente ir embora, vou descer! Tchau.
Gustavo deixou Marlon pra traz e começou a descer as escadas, Marlon também desceu atrás de Gustavo, os dois ficaram em silencio enquanto saiam da casa. De repente Gustavo parou e abaixou, ele achou uma argola com trés chaves no chão, eles testaram as chaves e uma delas era da porta dos fundos, eles trancaram a casa e foram embora levando as chaves.
No dia seguinte Gustavo chegou da escola e foi direto pra casa de Marlon. Os dois pegaram as chaves da casa e foram la de novo.
Chegando na casa eles foram para os fundos e quando tentaram destrancar a porta a chave não abria mais, eles tentou abrir por varias vezes mas não conseguiram, Marlon então forçou a janela e conseguiu abri-la, os dois pulou a janela e entrou na casa, foram direto para o segundo andar para tentarem abrir as portas dos quartos que estavam trancados. De novo eles não conseguiram abrir os quarto, então eles foram para o quarto que estava aberto e Marlon começou a mexer no guarda roupas e Gustavo começou a mexer nos livros que estavam encima da mesa. Um dos livros chamou atenção de Gustavo, era um livro grande, com capa dura de couro marrom. Gustavo pegou o livro e abriu, viu que não era um livro comum, tinha escritas a mãos, quando começou a ler viu que era uma especie de Diário, na primeira pagina tinha escrito no centro do livro um nome e uma data. Ele começou a passar as paginas e viu muitas coisas escritas sobre a vida de uma mulher, algumas coisas sobre um sonho, e sobre uma pessoa que havia falecido, passando rapidamente as paginas do livro ele viu que tinha poucas folhas em branco no final do livro, e na última folha escrita havia uma foto. Ele só deu uma olhada e fechou o livro.
Marlon achou algumas roupas antigas, alguns sapatos, umas cobertas em uma parte do guarda roupas, na outra tinha objetos pessoais de homem, tinha um vidro de perfume, remédios vencidos, creme de barbear, um óculos e mais algumas coisinhas. O que impressionava era que por mais que as coisas eram antigas estavam tudo bem cuidado. Marlon achou alguns jogos, em cima do guarda roupas e disse:
_ Gustavo, vamos levar algumas coisas pra gente?
_ Não Marlon, acho melhor a gente ir embora e deixar essas coisas aqui, to com mau pressentimento. Essas coisas não iriam estar nesses estado se não tivesse ninguém pra cuidar, acho que a gente devia ir embora. _ Disse Gustavo.
_ Calma Gustavo, vamos ver se achamos mais alguma coisa.
Eles começaram a procurar alguma coisa pra tentar abrir os quartos que estavam trancados, não acharam nada que abrisse, então foram embora.
Chegando em casa Gustavo ficou pensando no diário que ficou la, queria saber mais sobre aquelas histórias que tinha começado a ler, ficou pensando se deveria voltar la pra pegar o diário. Mas ele não queria chamar O Marlon pra ir com ele porque ele só queria pegar o livro e levar pra sua casa pra ler. Então ele esperou passar um tempo e voltou na casa e foi entrando pelos fundos, testou a chave de novo e dessa vez a chave abriu a porta, ele entrou e trancou a porta de novo, subiu as escadas calado e reparou que as manchas de sangue dos pés de Marlon tinha desaparecido, ele ficou com medo mas continuou andando, foi pro quarto que estava o diário e quando chegou la, tudo que Marlon e Gustavo tinha deixado bagunçado, e jogado na cama estava nos lugares que eles tinham achado antes, arrumadinho, tudo certinho nos lugares, ele ficou assustado, começou perguntar baixinho:
_ Tem alguém aí?
_ Olá ! Tem alguém aí?
Mas ninguém respondeu. Ele ficou com medo, pegou o livro e saiu do quarto, quando saiu do quarto viu que a fechadura de um dos quartos que estava trancado não era mais a mesma, com medo ele saiu correndo pra varanda e a porta estava trancada, ele desceu as escadas correndo, e foi embora deixando as chaves que tinha achado cair no chão, mesmo assim continuou correndo assustado e foi pra casa levando o livro.
Gustavo chegou em casa assustado e foi pro seu quarto, trancou a porta e começou a foliar o livro, no livro ele começou a ver a história escrita por um homem que contava todos momentos de sua vida, Gustavo ficou lendo o livro cerca de uns 20 minutos e de repente ele parece ter ficado assustado com alguma coisa que havia lido e fechou o livro, de repente escutou o barulho da porta de sua casa abrindo, ele estava sozinho em casa, e não estava na hora de seus pais chegarem ainda. Ele se levantou e foi olhar quem era, quando viu era o Marlon com uma aparência de cansaço e com uma cara de assustado, imediatamente ele perguntou:
_ O que foi Marlon? Você me assustou!
Marlon assustado disse:
_ Gustavo, eu estava indo la na casa abandonada de novo, só que quando eu estava chegando la perto vi alguém entrando da varanda pra dentro da casa, fiquei olhando e depois escutei alguns barulhos, parecia que a pessoa estava com raiva e estava quebrando alguma coisa la dentro, sai correndo desesperado, será que naquele quarto tinha alguém quando nos fomos lá?
_ Não sei, eu voltei la e peguei um livro que eu vi la também, é um diário, eu estava lendo e vi algumas coisas que fiquei meio assustado. _ Disse Gustavo.
_ Vamos acabar de ler? _ Disse Marlon.
Os dois então pegou o livro e começaram a ler, viu que o diário contava a história de um homem que com 22 anos perdeu alguém que tinha muita importância pra ele, a mãe dele faleceu com 42 anos, na época ele tinha apenas 6 anos, a mãe dele morreu em uma briga com seu pai que batia nela e obrigava ela a fazer de tudo pra ele, eles estavam em uma briga quando seu pai empurrou a mãe e ela veio a bater a cabeça e ficou 48 dias no hospital em coma profundo e veio a falecer. Depois disso ele ficou morando com seu pai, era um menino muito fechado, não se abria com muitas pessoas, era de poucas amizades mas sempre se deu bem com os poucos amigos que tinha. Com 17 anos conheceu uma menina com quem começou a namorar, ele tratava ela com todo carinho, fazia juras de amor e não pensava em perdê-la, ela sabia de tudo que acontecia na vida dele. Quando ele fez 20 anos seu pai foi morto em uma rua próximo a casa dele com traumatismo craniano, foi uma morte estranha, niquem sabia quem podia ter feito isso ou por qual motivo alguém teria feito isso. Ele se mostrou triste e como morava sozinho pediu sua namorada pra morar com ele mas em outro lugar, dizia não ter boas lembranças daquela casa.
O nome do homem era Carlos, a namorada dele se chamava Clara, ela aceitou morar com ele e falou que quando ele arrumasse uma casa boa pra eles morarem ela iria morar com ele, ele comprou essa casa já mobiliada, mudou poucas coisas pra agradar sua namorada e Clara, mas quando foi procurar Clara ficou sabendo que ela havia se mudado para outro país um dia antes, deixando somente uma carta escrita porela com juras de amor e dizendo que um dia voltaria, junto da carta havia uma foto dos dois juntos, a mãe de Clara o entregou a carta, deu um abraço nele e ele foi-se embora, ninguém mais daquele bairro teve noticias dele, ele mesmo quebrou o muro de sua casa e à deixou com aparência de uma casa abandonada para que ninguém mais se aproximasse dele.
Com 21 anos Clara voltou para casa e foi procurá-lo em sua casa, viu que naquele endereço não morava ninguém, chamou, chamou mas ninguém atendeu, então ela jogou uma pedra na janela pra ver se aparecia alguém, a janela quebrou e ninguém apareceu. Ela chorando virou-se pra ir embora, quando alguém gritou seu nome, era Carlos, muito bem vestido, com barbas sem fazer e cabelos meio grandes, Clara ficou assustada, ele a chamou e disse:
_ Você demoro demais amor, estava aqui te esperando dês do dia em que você se foi, pode vim aqui, esta casa é sua, por fora eu deixei ela mau arrumada mas por dentro ela é linda, foi feita pra você.
Clara assustada foi ate ele e entrou na casa dizendo que tinha que lhe contar muitas coisas. Ele apresentou toda a casa pra ela, dizia limpar a casa todos os dias e mantinha impecável porque sabia que um dia ela voltaria, um quarto era pra visitas, o outro ficaria para seus filhos e o outro, maior, seria para eles.
Ela então pediu pra que eles conversassem antes que ele fizesse mais alguma coisa. Ela sentou-se na cama começou a falar:
_ Carlos, não sei como te falar, eu sei que a gente se dava muito bem, mas eu fui pra outro país, minha vida mudou muito, eu conheci outra pessoa la com quem me casei, vim aqui só despedir de você, não queria que ficasse triste, fiquei sabendo que você estava doente, ninguém mais tinha noticias sua, vim aqui só pra me despedir, me Desculpe, você merece alguém que te ame de verdade, espero que você ache essa pessoa.
Clara levantou-se, deu um beijo no rosto de Carlos e começou a andar para ir embora. Carlos não aceitou, se colocou em prantos de choro e disse que se ela não ficasse com ele não poderia ficar com mais ninguém, ela não poderia largá-lo sozinho, ela continuou andando quando sentiu uma fisgada nas costas, ele jogou uma faca nas costas dela e ela caiu da escada, bateu a cabeça na quina da escada e veio a falecer. Carlos pegou ela e à colocou deitada na cama de um dos quartos. Ele vivia a maior parte do seu dia escrevendo, quando não estava escrevendo ele se trancava no seu quarto e nunca escreveu nada nesse diário sobre nada de dentro deste quarto.
Na parte final do livro, ele parou de escrever, as últimas palavras escritas era que ele só que ele também não tinha mais vontade de viver, que depois de fazer 22 anos no mesmo dia que matou a mulher que ele mais amava. Depois não tinha mais nada escrito, só uma foto dos dois juntos.
Marlon e Gustavo ficaram com medo de Carlos ir atrás deles, mas depois de 2 dias viram uma ambulância e algumas viaturas parado na porta da casa de Carolos. Acharam o corpo dele no quarto em que ele usava pra escrever, e o de Clara no quarto.
Gustavo e Marlon levaram o livro para uma igreja próxima, deixou nas mãos de um padre que prometeu que guardaria aquele livro com muito carinho.

Johnathan Henrique - 15

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